Nos últimos anos, o mercado editorial vem passando por mudanças significativas em decorrência dos avanços tecnológicos na produção gráfica, com o crescente acesso aos livros impressos sob demanda.
Com a possibilidade de tiragens tão pequenas quanto 100 unidades, as editoras hoje — com a impressão sob demanda — têm uma flexibilidade na produção de livros impensável até pouco tempo atrás, podendo agora alavancar lançamentos antes inviáveis.
O mercado no geral mudou. Com os novos recursos de produção digitais e automatizados, os custos de produção de livros baixaram, tornando o cenário editorial mais democratizado, aberto para escritores menos conhecidos e publicações mais restritas.
Porém, mesmo com essas melhorias, os custos de produção gráfica ainda consomem uma boa parcela dos gastos das editoras, e a gerência financeira ainda é um divisor de águas entre o sucesso e o fracasso.
Por isso, neste artigo queremos trazer ao mercado editorial um aspecto na produção de livros que pode oferecer uma consistente redução de custos: a eliminação das chamadas orelhas.
Vamos explorar aqui como essa simples mudança pode trazer lucratividade e outros benefícios para as editoras, baixando custos e viabilizando ainda mais os lançamentos, além de se mostrar uma alternativa sustentável para o meio ambiente.
Leia em “Como as editoras podem reduzir os custos de produção de livros sob demanda com a eliminação das orelhas”:
— As orelhas: definição
— Por que as orelhas aumentam custos de produção
— Sustentabilidade e outros benefícios com a eliminação das orelhas
— Por que as orelhas ainda são usadas no Brasil?
— Livros sob demanda sem orelhas: uma opção vantajosa e moderna
— Colorsystem: revolução em livros sob demanda
As orelhas
Como sabemos, as conhecidas orelhas, também chamadas por alguns de abas ou ainda solapas, são aquelas partes dobradas para baixo das capas do livro, com informações sobre o autor, breves resenhas, sinopses e outros detalhes adicionais.
Por consequência de tendências e outros fatores que vamos explorar neste artigo, o uso das orelhas ganhou força no Brasil mais recentemente, passando a ser considerada por muitos como parte indissociável dos livros.
Para efeito de comparação, no resto do mundo, elas são restritas a edições mais específicas e são usadas mais em livros de capa dura.
Seu propósito é praticamente funcional, restringindo-se mais em trazer informações ocasionais sobre a obra e o autor, não sendo parte integrante do design das capas, como acontece por aqui.
De um modo geral, fora do nosso país, as orelhas tem seu uso mais voltado para edições acadêmicas, técnicas ou de referência, contendo informações didáticas, como gráficos, infográficos, tabelas ou citações. Mesmo assim, em muitos casos as editoras locais optam por trazer esse conteúdo na contracapa do livro, dispensando as orelhas.
Por que as orelhas aumentam custos
No processo gráfico, a inclusão das orelhas aumenta etapas da produção.
Obviamente também são necessárias quantidades maiores de papel e demais materiais para o acabamento.
Para entendermos melhor, vamos analisar o processo de produção:
Sem orelhas – 4 etapas
1. Os miolos dos livros são impressos na sequência correta da paginação (página 1, 2, 3 e assim por diante). Os miolos são separados.
2. Os miolos são encapados.
3. Refile trilateral, nas 3 laterais simultaneamente.
4. Finalização: shirink e empacotamento.
Com orelhas – 8 etapas
1. Os miolos dos livros são impressos na sequência correta da paginação (página 1, 2, 3 e assim por diante). Os miolos são separados.
2. Então separados, os miolos são refilados na lateral direita.
(Como haverá orelhas, o refile nessa lateral precisa ser feito antes da inclusão da capa. Caso seja feito depois, o corte acabará atingindo também a dobra das orelhas, inutilizando o conjunto.)
3. Os miolos são blocados para ficarem com as laterais alinhadas.
4. Os miolos, então blocados, são separados.
5. Encapa-se os miolos com as orelhas abertas.
6. As orelhas são dobradas para dentro.
7. O conjunto (o livro já completo) é refilado agora no topo e na base — pé e cabeça.
8. Finalização: shirink e empacotamento.
As etapas da produção de um livro com orelhas, portanto, são o dobro de uma produção sem as orelhas. Vale ainda ressaltar que algumas dessas etapas precisam ser feitas manualmente.
Em resumo, com a inclusão de orelhas, o miolo precisa ser refilado primeiro apenas no lado direito, para somente depois, em uma outra etapa, receber a capa completa (com as orelhas), para ainda depois se fazer os cortes finais nesse conjunto em mais uma etapa. Já no modelo sem orelhas, todo o livro montado — miolo e capa — é refilado já nas três laterais numa única etapa, um processo bem mais simples.
Livros com orelhas também exigem dobras adicionais, além de uma capa em papel de maior gramatura para garantir sua durabilidade.
Além disso, a capa juntamente com as orelhas necessita de uma maior quantidade de papel, tinta e outros materiais para acabamento, como a laminação, que também vão impactar nos preços de produção.
Portanto, livros com orelhas vão inevitavelmente aumentar o prazo de entrega e os custos.
Um aspecto adicional relacionado à produção gráfica do livro é que a eliminação das orelhas permite que as gráficas utilizem ainda outros modos de impressão, montagem e acabamento mais eficientes, rápidos e econômicos.
Redução também nos custos de embalagem e envio
As orelhas acrescentam volume ao livro, podendo aumentar custos especialmente nos exemplares vendidos pela internet e enviados pelo correio.
Com a redução do volume, os livros podem ser acondicionados em embalagens mais leves e compactas, o que pode gerar economia com menores custos de frete.
Sustentabilidade e outros benefícios com a eliminação das orelhas
Além da redução de custos de produção dos livros, com a eliminação das orelhas as editoras podem obter outros benefícios imediatos e futuros.
Há ganhos tanto de gestão para as editoras, como ambientais e até mesmo sociais.
Esses ganhos podem ser considerados dentro dos parâmetros ESG — Ambiental, Social e Governança (Environmental, Social, and Governance, em inglês) —, abordagem surgida para avaliação de desempenhos empresariais em diversos setores, sendo aplicada por companhias em todo o mundo como um guia de orientações para práticas responsáveis, tendo influência no potencial de recebimento de investimentos dessas empresas (no nosso caso, as editoras).
Saiba mais sobre o ESG em nosso artigo “O novo mercado mundial: a busca por embalagens sustentáveis”, clicando aqui.
De modo geral, podemos apontar alguns dos ganhos obtidos com a eliminação das orelhas em relação aos critérios do ESG:
Ambiental (Environmental): Como sabemos, um livro sem orelhas resulta em uma redução do consumo de papel. Obviamente, menos árvores são cortadas e menos recursos naturais são consumidos na produção de papel.
Além disso, a redução do volume dos livros permite que sejam empacotados em embalagens mais leves e compactas, economizando mais material e ajudando a reduzir o impacto ambiental do transporte.
Social (Social): A economia financeira gerada para as editoras pode ser convertida em investimentos para práticas socialmente positivas, como melhoria de condições de trabalho dos funcionários, incremento à diversificação da equipe e apoio a programas sociais internos e externos.
Governança (Governance): Os ganhos decorrentes da eliminação das orelhas podem ser vistos como um compromisso com a eficiência e a responsabilidade ambiental (o que pode ser usado em campanhas de marketing da editora, sendo a sustentabilidade um tema de crescente apelo à sociedade, cada vez mais engajada na questão).
Esses ganhos gerais e de imagem para a editora podem contribuir para a aquisição de uma melhor reputação da empresa perante investidores e outros stakeholders.
Por que as orelhas ainda são usadas em livros no Brasil?
Se buscarmos uma resposta única e concisa para essa pergunta, provavelmente não encontraremos uma, visto que a inclusão de orelhas nos livros em nosso país tem a ver mais com questões de hábito e de supostas funcionalidades em seu uso.
Vejamos algumas dessas questões:
Hábito
Um dos motivos para a continuidade do uso de orelhas em livros decorre do costume. Ou seja, uma editora a princípio nota que outras estão usando orelhas em suas publicações, e ela, buscando ser competitiva no mercado, passa também a usar, com medo de não “ficar para trás”.
Com o tempo, nessa editora o uso das orelhas se torna frequente em todos os lançamentos, tornando-as parte supostamente indispensável em seus livros.
Esse hábito arraigado acaba se transformando, portanto, num entrave a modernizações, adequações e mudanças em geral, gerando medo da mudança, o que faz com que editoras percam oportunidades de ganhos consideráveis.
Uso das orelhas como marcadores de página
De fato, algumas pessoas usam as orelhas como marcadores, dobrando-as sobre a página em que pararam a leitura antes de fechar o livro.
No entanto, as orelhas possuem dimensão e estão dispostas de um modo que essa prática danifica a capa, gerando vincos em diversos lugares, o que chega a inutilizá-las, ficando marcadas e estragadas.
Além do mais, em livros mais grossos a parte dobrada das orelhas para marcação pode nem alcançar devidamente a página desejada.
Assim, com essas desvantagens no uso das orelhas como marcadores de página, uma boa ideia é a de que as editoras conversem com a gráfica que produz o livro para avaliar novas e efetivas soluções.
Existe a possibilidade de se fazer marcadores de página tradicionais (como uma peça avulsa, de brinde) com um desconto razoável ou ainda de maneira gratuita com o aproveitamento do tamanho da impressão de capa.
Aparência de qualidade
Algumas editoras incluem orelhas em suas edições apostando que vão acrescentar uma aparência de mais qualidade em seus livros.
Mas um título geralmente não possui concorrente direto. Um leitor não vai deixar de comprar a edição de um livro que queira para escolher a de outra editora pelo fato de essa possuir orelhas, pois raramente (talvez exceto para os clássicos da literatura) esse título estará disponível também em outra edição.
E dificilmente um leitor vai deixar de adquirir um livro de conteúdo de seu desejo por não possuir orelhas.
Outro ponto a se considerar é que cada vez menos leitores são influenciados pela existência ou não das orelhas na ocasião da compra, uma vez que não terão o livro em mãos nesse momento, já que a venda de livros online vem crescendo e já supera a das livrarias físicas desde 2022.
Confira esse e outros dados sobre a pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”, realizada em parceria pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), clicando aqui.
Espaço para informações adicionais
Algumas editoras consideram indispensáveis as áreas adicionais oferecidas pelas orelhas para a inclusão de conteúdos como sinopses, biografias do autor, elogios e outros.
Entretanto, outras estratégias igualmente interessantes ou ainda mais vantajosas podem ser consideradas para essa finalidade.
Vejamos algumas:
Contracapa: informações presentes em orelhas podem, com os devidos ajustes no projeto de design, serem transferidas para a contracapa sem dificuldade.
Seções internas: marcadores internos de seções ou no início ou fim do livro podem conter detalhes adicionais, como entrevistas com o autor, mapas, ilustrações ou qualquer outro conteúdo que estivesse acomodado nas orelhas.
Conteúdo digital: a aplicação de QR Code na contracapa, por exemplo, pode levar para conteúdos publicados na internet, em páginas online com grande quantidade de informações, além de permitir a possibilidade de uso de outros recursos e formatos além do texto escrito, como áudios, vídeos e animações. O conteúdo online ainda pode ser usado pela editora para fins promocionais e de divulgação.
Livros sob demanda sem orelhas: uma opção vantajosa e moderna
Hoje, e talvez cada vez mais no futuro próximo, a eliminação das orelhas dos livros sob demanda pode se tornar uma estratégia inigualável para a saúde das editoras e do meio ambiente.
Ao simplificar o processo de impressão, acabamento, embalagem e envio, as editoras podem obter ganhos consistentes sem comprometer a qualidade final do produto.
Com um planejamento adequado, as editoras podem usufruir das vantagens com a eliminação das orelhas e, assim, tornar suas publicações mais competitivas e acessíveis no mercado atual.
No geral, a produção de livros sem orelhas pode trazer benefícios diversos nos custos, design, usabilidade, imagem da empresa, sustentabilidade e inovação.
É uma escolha que pode impulsionar editoras a se destacarem no mercado, além de atender às escolhas e posicionamentos do leitor moderno.
Por fim, podemos dizer que, no cenário atual, o investimento em novas formas de apresentação tende a ser essencial para o sucesso contínuo de editoras.
Colorsystem: revolução em livros sob demanda
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Esperamos que este artigo tenha sido útil para você!
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